Órgão

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O órgão é um instrumento musical tocado por meio de um ou mais manuais e uma pedaleira da família dos aerofones e teclas. O som é produzido pela passagem do vento (ar comprimido) através de tubos de metal e madeira.
Os órgãos variam imensamente em tamanho, indo desde uma pequena caixa até a monumentais caixas do tamanho de casas de 5 andares. Encontram-se sobretudos nas igrejas, mas também em salas de concertos, escolas e casas particulares.
Os executantes deste instrumento chamam-se organistas e seus construtores, organeiros.
Etimologia
Etimologicamente, o termo órgão significa o instrumento. A palavra em português deriva do grego "órganon", «instrumento». Trata-se, portanto, do instrumento por excelência, como primeiro conjunto, composto, organizador de sons, pelo que ao longo da História da Música mereceu o epíteto de 'rei dos instrumentos', como também Mozart lhe chamava.
Embora se tenha difundido a designação órgão "de tubos" para o distinguir dos seus imitadores eletrônicos amplamente difundidos, essa designação é incorreta pois constitui-se como redundância. Será o mesmo que dizer "piano de cordas". O estudo daOrganologia considera as características acústicas e originárias dos instrumentos. Toda e qualquer imitação eletrônica de um instrumento musical de verdade não pode ser elevada ao mesmo estatuto.
Classificação Organológica
A Organologia classifica o Órgão como aerofone de teclas, pela passagem de ar comprimido em tubos de diferentes comprimentos (notas) e características (registos). É, portanto, um instrumento de sopro com a diferença de o ar não ser injetado pelo sopro humano, mas sob a forma de ar comprimido que, acumulado pelo fole, é reencaminhado para o(s) tubo(s) respectivo(s) à(s) nota(s) e ao(s) registo(s) que se quer fazer soar.
Características
O órgão é o instrumento musical por excelência. Dadas as suas características acústicas e técnicas, o órgão é ideal para acompanhar vozes humanas, quer uma assembleia, um coro ou um cantor solista, como para tocar a solo, dando um concerto ou substituindo uma orquestra. Por essa razão o órgão adquiriu, ao longo dos séculos, uma forte índole sacra.
As dimensões de um órgão podem ser muito variáveis, indo desde um pequeno órgão de móvel até órgãos do tamanho de casas de vários andares. Um grande-órgão moderno tem normalmente 3 ou 4 manuais de cinco oitavas cada, e uma pedaleira de duas oitavas e meia. Mas tanto se constroem órgãos de um pequeno teclado, como instrumentos enormes de vários teclados e milhares de tubos.
O seu espectro sonoro é o mais amplo de todos os instrumentos: varia imensamente em timbre, altura do som e amplitude sonora (volume). Os diversos timbres encontram-se divididos de acordo com filas e são controlados pelo o uso de registos. O teclado não é expressivo e não afecto a dinâmicas, mas é possível criar variados efeitos através da articulação. O som de um tubo permanece constante enquanto a tecla é premida.
Uma característica única é o fato de qualquer nota do órgão se poder manter perpétua e ininterrupta enquanto se pressiona uma tecla. A nota não se vai extinguindo gradualmente como no piano ou no cravo. Isto é adotado em religiões como um símbolo do imutável e do divino.
Por outro lado, o órgão é o único instrumento capaz de sustentar o canto maciço de uma grande assembleia (vários milhares de pessoas). Contribui para tal feito a sua inigualável capacidade de simultaneamente proporcionar uma base harmônica à parte cantada (abaixo do registo vocal), como reforçar e sustentar a parte cantada (registo), como ainda aumentar o brilho harmônico acima do registro vocal.
Outra característica é o fato de os seus variados timbres e amplitude sonora (volume) poderem mudar, conforme o número de pessoas que canta ser apenas uma ou um milhar delas, conforme o tempo litúrgico em questão (Páscoa, ou Quaresma), congregando em apenas um instrumento múltiplos recursos, variáveis (a usar ou não conforme as necessidades), pelo que substitui a constituição de uma orquestra. Assim sendo, se verifica a sua vocação litúrgica.
Liturgia
O órgão ocupa um lugar de destaque na Liturgia Cristã, quer na Igreja Católica, quer nas Igrejas Reformadas. Tem por objetivo o enriquecimento do culto através da arte musical. Dá força à oração, ao apoiar e sustentar o texto cantado (passível de ser introduzido e harmonizado pelo organista de imensas formas diferente), como cria uma atmosfera de meditação sobre a Palavra, tocando a solo, numa vertente laudatória, evocativa ou mística.
Assim sendo, a sua função nos serviços religiosos concretiza-se 1. no acompanhamento e sustentação, quer do canto da Assembleia (nas Igrejas Reformadas, chamada Congregação), do canto coral (do Coro) e do canto solítico (de um solista); 2. como também sob a forma de solos instrumentais cujo fim é introduzir, preludiar, interludiar, posludiar os mesmos cânticos, tendo o organista frequentemente que improvisar essas partes, tomando como ponto de partida os temas cantados.
Além disso, nos serviços religiosos pode também ter lugar o repertório organístico próprio, ou seja, peças musicais independentes dos cânticos e do seu acompanhamento, mas a solo. Como sejam, por exemplo, um prelúdio no início do serviço religioso e um poslúdio no fim (por exemplo uma Fuga).
A Igreja Católica reafirmou no Concílio Vaticano II a excelência do órgão na tradição musical e nos atos de culto divino, assim se expressando:
- Tenha-se em grande apreço na Igreja latina o órgão de tubos, instrumento musical tradicional e cujo som é capaz de dar às cerimónias do culto um esplendor extraordinário e elevar poderosamente o espírito para Deus.
(Constituição Apostólica Sacrosanctum Concilium artigo nº 120).
Cerimonias Públicas
Em alguns países, normalmente de raiz anglo-saxónica, o órgão tem uma presença no Cerimonial de Estado (cerimônias civis, protocolares, etc.) exercendo uma função de acompanhamento de Hinos Nacionais bem como de outras melodias tradicionais (nacionalistas, natalícias, etc.) dado o órgão substituir nesses casos a presença de uma orquestra.
Recitais
Os órgãos também desempenham o seu papel não litúrgico, em salas de concerto, academias de música e espaços públicos diversos, para os quais são construídos com o intuito meramente concertístico. Podem, nesses casos, servir como acompanhadores de coros ou solistas; integrarem grandes orquestras (Sinfonias, Concertos) por exemplo como recurso para a intensidade sonora colossal (como em Sinfonias de Mahler); servir como contínuo em orquestras barrocas; ou simplesmente executarem o seu próprio reportório em recitais a solo.
Qualquer órgão de médias dimensões, com cerca de 20 registos, pressupõe-se que já tem os recursos mínimos para a realização de uma função concertística a solo. No entanto, a sua paleta tímbrica (conjunto de registos) determinam sobremaneira o tipo e o estilo de reportório executável.
Claro que órgãos mais pequenos, chamados positivos, de poucos registos, podem também servir em funções concertísticas quando acompanham coros, ou integram orquestras ou pequenos conjuntos instrumentais (música de câmara), funcionando como baixo contínuo, etc.
Normalmente há órgãos sediados em Igrejas que, aliás pelas condições acústicas (e até arquitectónicas) do espaço envolvente, se prestam por excelência para a realização de recitais.
Pedagogia
Os órgãos servem também a fins pedagógicos, muitas vezes a par das funções concertísticas. Existem órgãos idealizados e construídos para servirem unicamente como instrumento de estudo. Em Conservatórios e Academias, servem tanto para o ensino da música, como no acompanhamento de vozes, etc.
História
O órgão é um dos instrumentos musicais mais antigos da tradição musical do Ocidente. Foi o primeiro instrumento de teclas.
O antepassado do órgão é o hydraulos, ou órgão hidráulico, inventado no século III a.C. pelo engenheiro grego Ctesíbio de Alexandria, responsável pelo cruzamento da flauta típica grega, o aulos, com o sistema hidráulico de injeção de ar comprimido nos tubos.
A mecânica consistia em abrir a passagem do ar para os tubos através de uma válvula parecida com uma tecla. Para que tal acontecesse o ar era mantido em pressão por processos hidráulicos (pressão de água). O órgão possuía apenas uma fila com 7 tubos de diferentes comprimentos, correspondendo cada tubo a uma nota.
Este instrumento esteve muito em voga no Império Romano. Alcançando uma forte amplitude sonora (volume), era apto para ser usado ao ar-livre: em jogos, no circo, nos anfiteatros. Nesta altura o hydraulos era já denominado organum hydraulicum em latim ouorganon hydraulikon em grego.
A fila de tubos duplicou e triplicou, até que foi incorporado um mecanismo de seleção dessas filas de tubos, que mais tarde se vêm a chamar registos. O conjunto de tubos de uma fila tem o mesmo formato e características, emitindo um timbre próprio. Assim sendo, num órgão existem tantos timbres diferentes, quanto o número de registos (filas) existentes.
O sistema hidráulico usou-se até ao século V, tendo surgido no século IV o sistema pneumático de foles. Trata-se do órgão pneumático. Como já não havia a componente hidráulica, o instrumento passou simplesmente a ser denominado Organus.
A introdução de órgãos nas igrejas é tradicionalmente atribuída ao Papa Vitaliano no século VII. Pelo vínculo que estabeleceu ao serviço do culto, prestado ao longo de séculos na Liturgia Cristã, carrega uma estatuto inigualável no compto da Música Sacra.
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Deus Abençoe!!!