ORIGEM DO NOME DAS NOTAS MUSICAIS
Nota musical é um termo
empregado para designar o elemento mínimo de um som, formado por um único
modo de vibração do ar. Sendo assim, a cada nota corresponde
uma duração e está associada uma frequência, cuja unidade mais
utilizada é o hertz (Hz), a qual descreverá em termos físicos
se a nota é mais grave ou mais aguda. De forma geral, podemos
relacionar as notas a um alfabeto musical que possibilita associar determinadas
frequências (ou conjuntos de frequências) a nomes comuns, viabilizando a
composição de músicas ou qualquer outro tipo de manifestação sonora de forma
clara e compreensível. Sem as notas musicais,
uma partitura provavelmente seria escrita como uma sequência de
números relativamente extensos, correspondentes as frequências que se espera
ouvir.
A nota musical e a física
O som é uma onda (ou conjunto de
ondas) mecânicas que se propaga em um meio material, como o ar ou a
água. Algumas das características do som mudam de acordo com o meio de
propagação, como a velocidade e o comprimento de onda, entretanto a
frequência permanece independente e constante durante todo o percurso.
Em
uma orquestra, conseguimos identificar os sons de diferentes instrumentos e
decifrar de qual deles veio o som. Mas na partitura de cada músico encontramos
as mesmas notas. Isso acontece, pois, as notas escritas na partitura
representam uma frequência fundamental que pode ser enriquecida com
diversos harmônicos dependendo das características do instrumento.
Geralmente, instrumentos de corda apresentam uma vasta gama de harmônicos e,
consequentemente, possuem uma onda mais complexa. Os instrumentos com menor
número de harmônicos são os de percussão e alguns metais, sendo a flauta doce
um dos instrumentos com a sonoridade mais pura entre todos.
Quando a corda de um violão é tocada com uma
certa frequência, se a frequência estiver na faixa de 20 a 20.000 Hz, o ouvido
humano será capaz de vibrar à mesma proporção, captando essa informação e
produzindo sensações neurais, às quais o ser humano dá o nome de som. As ondas
com frequência baixa, entre 20 e 100 Hz, por exemplo, soam em nossos ouvidos de
forma grave, e sons com frequência elevada (acima de 400 Hz) soam de forma
aguda. Nesta situação, podemos imaginar que apenas uma onda percorre a corda e
assim obtemos a frequência ouvida. Essa analogia funciona para uma situação
ideal, entretanto o que encontramos na prática é uma corda vibrando de forma
muito mais complexa, pois um conjunto de curvas senoidais originadas por
diversos fatores como a posição em que tocamos, a densidade da corda e o
tamanho da caixa do violão, somam-se e, juntas, geram o som que ouvimos.
Apesar de diferentes, quando os instrumentos
reproduzem uma mesma nota, o som é agradável. Isso acontece, pois, todas as
componentes dessa melodia são compostas por múltiplos inteiros da frequência
original. Para entender melhor esse conceito podemos analisar a tabela ao lado,
que relaciona as notas e suas respectivas frequências: A nota dó (C)
corresponde a frequência de 261,63 Hz, enquanto a nota sol (G) é
aproximadamente 392 Hz, que é 3/2 a frequência do dó. Podemos então
caracterizar a nota sol como sendo uma harmônica de uma das harmônicas de dó.
Mesmo que o som de uma flauta seja diferente do som do violão, quando
reproduzem a mesma nota, as frequências que ouvimos são sempre múltiplas
inteiras umas das outras, resultando em uma interação harmônica. Deve-se
observar, no entanto, que existem instrumentos transpositores, e as notas
da partitura do músico devem ser adaptadas para manter a harmonia, resultando
que a frequência das notas deve ser observada em uma nova escala previamente
descrita.1
Outro fator importante para diferenciar os sons
é a amplitude de cada harmônico, ou seja, sua intensidade. Existem
instrumentos em que algumas harmônicas têm amplitudes superiores a própria
frequência fundamental, tornando o som bem mais grave ou agudo. Com os avanços
tecnológicos das últimas décadas, músicos tem desenvolvido novas técnicas para
amplificar harmônicos, como é o caso da guitarra, que pode contar com pedais
para distorcer o som.
Instrumentos e timbres
-Harmônicos.
Sabendo que é a presença ou ausência de cada um
dos harmónicos, e suas respectivas amplitudes, que dão a cada instrumento
musical o seu som característico, o timbre, podemos questionar como
fazemos isso. Tomando a flauta como exemplo, há dois fatores principais que vão
definir a frequência que escutaremos: o tamanho da flauta e a posição dos
dedos, que podem produzir novas notas pela mudança do comprimento total do
instrumento ou favorecer determinada harmônica, de acordo com a configuração da
mão.
Quando interrompemos a vibração de uma corda em
um determinado ponto, ao tocar uma nota em um violão, por exemplo, esse ponto
receberá o nome de nó. O ponto de maior amplitude de movimento da corda recebe
o nome de antinó, sendo a distância entre dois nós ou dois antinós igual a um
comprimento de onda. Se pensarmos na imagem ao lado como o tubo de uma flauta,
ao retirarmos os dedos dos orifícios 7 e 5 estaremos favorecendo o terceiro e o
quarto harmônicos, devido a presença dos nós ilustrados na figura. Entretanto,
se retirarmos o dedo do orifício 24 vamos reduzir o comprimento do tubo e,
consequentemente, mudar a frequência fundamental emitida pela flauta.
-Harmônicos
em um tubo com ambas as extremidades abertas.
Devemos considerar ainda se o tubo em questão
tem suas extremidades vedadas ou abertas. Um tubo com ambas as extremidades
abertas terá o máxima da amplitude da onda sonora nas pontas, e seus harmônicos
vão crescer a proporção de:
Onde:
é a velocidade do som no meio.
é o número da
harmônica (ex.: 1,2,3…).
é o comprimento
do tubo, corda, ou o que quer que seja.
-Harmônicos
em um tubo com apenas uma extremidade aberta.
Já um tubo com uma extremidade fechada terá
sempre a amplitude máxima da onda na ponta aberta e um nó na extremidade
fechada. Nesse caso, não existirão harmônicos pares dentro das possíveis
combinações, e eles vão crescer a proporção de:
Onde:
é a frequência da “n” harmônica.
é a velocidade do som no meio.
é o número da harmônica (ex.: 1,3,5…).
é o comprimento do tubo, corda, ou o que quer que seja.
Representação
gráfica
-Escala
natural.
Em uma partitura podemos representar
as notas de forma gráfica adicionando pequenas elipses com ou sem hastes de
forma ordenada sobre cinco pautas. Orientando-se pela clave adotada
para o trecho musical em questão, podemos criar ou interpretar a música, convertendo
cada posição em uma nota musical e consequentemente em uma frequência. No
pequeno trecho musical representado na figura ao lado, a clave de
sol indica que a leitura das notas deve ser (da esquerda para a direita):
C – D – E – F – G – A – B – C – B – A – G – F – E – D – C
Vale notar que a sequência se repete, sendo que
cada uma é chamada de oitava. Na primeira oitava o dó corresponde
a frequência de 261,63 Hz. Na segunda oitava o dó equivale a
523,26 Hz (o dobro). Essa analogia se repete para todas as notas em cada uma
das oitavas. Quanto mais oitavas abrange o instrumento, maiores são as
combinações possíveis para enriquecer a melodia, sendo que o órgão é
o instrumento com a maior gama de oitavas e consequentemente de frequências.
Embora pareça confuso, é possível analisar a harmonia da composição comparando
as frequências das notas utilizadas e verificando se são todas harmônicas. A
teoria da música, de forma geral, é baseada nesse princípio.
–
Diferentes formas de representar a duração da nota.
A organização da partitura é fundamental para
sua compreensão, e as medidas da norma devem ser respeitadas para que em
qualquer parte do mundo seja legível. As claves, por exemplo, propagam-se em
intervalos definidos de tempo que as notas têm capacidade de sugerir, podendo
ser mais longas (maior duração) ou mais curtas (menor duração). A duração em
segundos de uma nota depende do compasso, ou seja, o tempo da nota em uma
música pode ser diferente em outra música, se o compasso for diferente. Dessa
forma, a representação da duração sugere uma fração do tempo do compasso. Na
figura ao lado, encontramos (da esquerda para a direita): semibreve (um tempo),
mínima (meio tempo), semínima (um quarto de tempo), colcheia (um oitavo de
tempo), semicolcheia (1/16 de tempo), fusa (1/32 de tempo) e semifusa (1/64 de
tempo).
As pautas podem combinar-se, sendo tocadas ao
mesmo tempo (definindo a harmonia), ou em sequência (definindo a melodia)
e, se esses fatores, junto a alguns outros, forem combinados dentro de um
determinado padrão lógico pelo intelecto humano, na forma de arte, dá-se a
essa sequência o nome de música.
–
Nota Sol na clave de Sol e as representações de duração.
Origem do nome das notas
Antes de contarmos a história
das notas musicais, gostaria de fazer uma rápida abordagem. Na música,
temos um complexo sistema que possui 12 sons diferentes. A princípio, sete são chamadas
notas naturais e cinco são chamados de acidentes musicais.
As sete notas musicais, chamadas
notas naturais, são as seguintes:
DÓ, RÉ, MI, FÁ SOL, LÁ, SI
Esses nomes de notas representam uma
intenção de organizar os sons de forma que possamos utilizá-los de uma maneira
prática e “descomplicada”.
Os Acidentes Musicais são
formados através da alteração de notas naturais, que ocorrem com a utilização
dos Sinais de Alteração. Esses sinais, como o próprio nome diz, alteram a
frequência das notas naturais sem mudar o nome. Essas mudanças podem ocorrer de
duas formas diferentes as quais chamamos de BEMOIS (b) e SUSTENIDOS
(#).
Em outro artigo iremos tratar com mais profundidade
este assunto. Para o momento, o que nos interessa de fato é a origem
dos nomes das notas musicais e não a origem do sistema musical. Vimos
apenas uma pequena introdução sobre o assunto.
A história das notas musicais
A história das notas musicais e
a origem dos nomes nos leva à Europa do século XVII, mais especificamente, à Itália em meados de 1600,onde viveu o monge beneditino Guido D’Arezzo (há registros que seu nascimento se deu em 992 e faleceu em 1050).
Guido era um influente personagem
religioso ligado à música – e a ela dedicou sua carreira dentro da igreja. Foi
ele quem deu nome às notas musicais, através da primeira sílaba de cada verso
do seguinte hino feito em memória à São João Batista:
Hino à São João Batista
Ut queant
laxis, ( Para que nós, servos, com nitidez)
Resonare fibris ( e língua desimpedida)
Mira gestorum (o milagre e a força dos teus feitos)
Famuli tuorum (elogiemos,)
Solve polluti (tira-nos a grave culpa)
Labil reatum (da língua manchada)
Sancte Joannes (ó João!)
Resonare fibris ( e língua desimpedida)
Mira gestorum (o milagre e a força dos teus feitos)
Famuli tuorum (elogiemos,)
Solve polluti (tira-nos a grave culpa)
Labil reatum (da língua manchada)
Sancte Joannes (ó João!)
Esse hino costumava ser entoado pelos
coros de meninos. Assim, Guido deu as notas os nomes: UT – RÉ – MI – FÁ
– LÁ, acrescentando depois para completar a escala o Si proveniente das
primeiras letras de “Sancte Joanne” (São João). Algum tempo depois, pela
dificuldade de se pronunciar a sílaba Ut, houve a substituição pelo
nome da nota Dó, feita pelo maestro italiano Giovanni Battista Doni,
utilizando a primeira sílaba de seu sobrenome.
Existem livros que dizem que a tal
substituição ocorreu por intervenção do próprio Guido, pela dificuldade de se
pronunciar a sílaba Ut, trocando-a pelo Dó retirando de seu próprio nome Guido.
Nomenclatura das notas em
línguas anglo-saxônicas
Os países anglófonos mantiveram a
utilização de letras para
a nomenclatura das alturas musicais. As letras A, B, C, D,
E, F e G são utilizadas para as alturas musicais lá, si, dó, ré, mi, fá e sol,
respectivamente. Os países de língua inglesa utilizam os sinais ♯ (em
inglês: sharp, “sustenido”) e ♭ (em inglês: flat, “bemol”) para
representar as alterações cromáticas dessas notas.
Já, os países de línguas
germânicas utilizam, além das sete letras universais, a letra H,
exclusivamente para a nota si natural, sendo a letra B utilizada para
representar o si bemol. Nessas línguas, as alterações para as outras notas
são feitas acrescentando-se a terminação is no lugar de ♯
(“sustenido”) e es para ♭ (“bemol”). Nas notas lá e mi,
representadas pelas letras A e E, respectivamente (as
únicas vogais do conjunto), na terminação para representar bemol (por
padrão es) há a contração da vogal que representa a nota
e a vogal e do sufixo (As para lá
bemol eEs para mi bemol; no entanto, Ases e Eses são lá
dobrado bemol e mi dobrado bemol, respectivamente)
Portanto:
Ces (dó
bemol)
|
C (dó
natural)
|
Cis (dó
sustenido)
|
Des (ré
bemol)
|
D (ré
natural)
|
Dis (ré
sustenido)
|
Es (mi
bemol)
|
E (mi
natural)
|
Eis (mi
sustenido)
|
Fes (fá
bemol)
|
F (fá
natural)
|
Fis (fá
sustenido)
|
Ges (sol
bemol)
|
G (sol
natural)
|
Gis (sol
sustenido)
|
As (lá bemol)
|
A (lá
natural)
|
Ais (lá
sustenido)
|
B (si
bemol)
|
H (si
natural)
|
His (si
sustenido)
|
Download do artigo
Fontes:
http://afonso.mus.br - Acessado em 01/06/2016
http://www.portalmusica.com.br - Acessado em 01/06/2016
Divulgue os cultos de
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